Propinas... A educação que não temos...
Como estudante da universidade de coimbra, passeio-me no meio da contestação estudantil, passeio-me por entre as carrinhas à entrada da porta férrea, por entre os jornalistas e por entre as Assembleias Magnas.
Ontem resolvi não comparecer à dita assembleia - hoje ao ver as notícias na Cabra vi que não perdi quase nada - mais do mesmo...
Lembro-me dos meus tempos de luta estudantil, dos meus tempos na AAC, nos órgãos de gestão da universidade, do tempo em que as lutas académicas eram a minha vida...
Lembro-me que nunca houve coragem para tomar medidas drásticas, que nunca houve coragem para assumir a ruptura, que nunca houve coragem como em 1969... São tempos diferentes, é certo, mas a ameaça é quase a mesma!
Eu esclareco: sou contra as propinas! Sou a favor de bolsas e sebentas pagas pelo estado, sou a favor de subsídios a estudantes deslocados, sou a favor do investimento na educação qualquer que seja o seu nível! Sou contra estes politicozecos, que acham que gerir um país é mais ou menos como gerir uma mercearia: tem de dar lucro no final do mês, e se não der, fecha-se a loja! O país nunca vai poder fechar, e o futuro não pode ser hipotecado a apenas alguns critérios duvidosos de convergencia, com os quais ainda por cima, somos mesmo os únicos a tentar cumprir...
A vergonha vem de longe, vem dese 1994, veio e foi-se instalando no país. Agora privatizam-se os hospitais, daqui a pouco toda a função pública o será tudo menos isso: pública! Daqui a pouco não teremos país, teremos um conjunto de "lobbies" agregados que discutirão entre eles a nossa vontade...
Falar em educação em Portugal é, desde ha alguns anos falar da ilusão, falar da europa na qual somos inferiores mas simplesmente não queremos melhorar, é falar de paixões, mas não as praticar, é gritar para uma parede.
Sou contra esta visão do dia seguinte, do orçamento seguinte, da legislatura seguinte... hipotecamos o futuro todos os dias e sorrimos, damos cabo de gerações e pensamos: "podia ser bem pior.."
Mas é mesmo muito mau - eu desde a altura em que saí da política académica activa cheguei à conclusão que só mediads radicais nos farão acordar a todos deste pesadelo que ainda não nos apercebemos que estamos a passar. Acho mesmo muito pouco que se faça makis uma greve, ou mais uma manifestação - o passado diz-nos que de pouco isso adiantará - a minha proposta é bem mais ousada - luto académico! Afinal a educação em Portugal está a morrer.
O meu olhar é preocupado, até preocupante...
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